Diálogo no Forte:
– Chefe! Estamos cercados!
– Ótimo! Podemos sair por qualquer lado.
Numa noite de inverno, em Verona, Itália, eu me dei conta do óbvio: só estou perdido quando tenho algum ponto de referência. Explico: havíamos chegado à cidade sem ter reserva de hotel. Rodamos e rodamos atrás de algum hotel confortável e acessível. Apesar de ficar durante um bom tempo andando sem rumo pela cidade, em nenhum momento me senti desconfortável como me sinto ao rodar, perdido, em São Paulo. Sem ter uma referência à qual estava vinculado, eu podia ir para qualquer lado.
Esse episódio me veio à lembrança quando sugeri a um cliente de coaching que viajasse à Europa sem um roteiro prévio. A sugestão fazia todo o sentido. Ele tem os defeitos das suas qualidades: é estruturado e organizado demais. Portanto, viver a experiência de privar-se de referências por algum tempo pode ser algo novo e educativo para ele. Quando se viaja em excursão, as escolhas estão feitas não necessariamente pelo viajante, mas sim pelos organizadores e guias. Se gostamos mais de um determinado lugar, não podemos escolher ficar mais algum tempo ali.
Viajar sem roteiro preestabelecido tem custos: muitas decisões o tempo todo; perda de tempo na busca de hotéis e restaurantes, etc. Mas tem benefícios: posso tirar o maior proveito de cada uma das escolhas. Podemos errar nas escolhas? Sim, mas o erro tem seus benefícios também: melhora minhas próximas decisões.